As festas e romarias nas terras portuguesas fazem parte da tradição. Quem nunca participou num arraial numa noite de Verão, assistiu ao fogo de artifício, de olhos postos no céu ou provou uma pinga na tasca da aldeia?
As romarias constituem um costume religioso cujas origens perdem-se nos tempos. Já na antiguidade, era costume dos povos antigos deslocarem-se em peregrinação aos seus deuses, como acontecia na Grécia, por exemplo, em direcção ao Olímpo e a outros lugares sagrados.
Tal costume adquiriu um novo fôlego entre a cristandade a partir da Idade Média, altura em que a devoção e o fervôr religioso levava peregrinos de todo o mundo a calcorrearem milhares de quilómetros a fim de visitarem as relíquias de Santiago, em Compostela, São Pedro e São Paulo em Roma ou o Santo Sepulcro em Jerusalém.
Estas festas e romarias representam um momento especial na vida das aldeias e vilas portuguesas. Junta emigrantes no adro da igreja, que fazem longas viagens para estarem presentes e participarem nas festas da terra. Junta amigos que só visitam a terra nesta altura do ano, quase sempre em Agosto, quando chegam as férias.
Em Outeiro de Gatos, a festa é feita ao Senhor Bom Jesus dos Passos, no segundo fim de semana de Agosto. Desta romaria, fazem parte a procissão pelas ruas da terra, depois da missa de domingo, actuação do rancho folclórico de Outeiro de Gatos, fogo de artifício, baile e actuação de grupos musicais.
Todas as datas das festas do concelho da Meda podem ser consultadas aqui.
Festas e romarias
30 janeiro 2010 à(s) 20:52 Etiquetas: festas e romarias
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Cantar as Janeiras na Mêda
à(s) 14:59 Etiquetas: Notícias
A cidade da Mêda recebeu na Casa Municipal da Cultura cerca de 300 cantadores de Janeiras em representação de dez colectividades.
O I Encontro de Cantadores de Janeiras do concelho da Mêda decorreu durante a tarde de domingo, 24 de Janeiro, na Casa Municipal da Mêda. Participaram no encontro os grupos da Associação de Solidariedade Social, Cultural, Desportiva e Recreio de Fonte Longa, o Centro Cultural e Recreativo da Mêda, o Centro Sócio-Cultural da Coriscada, a Banda Filarmónica e o Grupo de Violas do Aveloso, bem como os grupos corais de Marialva, do Outeiro de Gatos, de São Bento da Mêda, da Prova e do Poço do Canto.
O Encontro pautou-se por um bom espírito de convívio, traduzindo-se numa grande festa e está já prometido para o próximo ano o II Encontro Concelhio de Cantadores de Janeiras.
«A Mêda encontrou-se com a tradição e foram muitos, novos e menos novos, que reviveram um passado tradicional desta terra no salão multiusos onde ancestrais cantares, transmitidos de geração em geração, acalentaram as pessoas que, num espírito de convívio mas também de interculturalidade, vivenciaram esta época onde ranchos ou grupos iam de casa em casa , quantas vezes pela noite fria, fazer os seus peditórios das Janeiras», informou o município em comunicado.
«O ladrão do pinheirinho
Onde havia de nascer
Bem à porta casa
Que nos vai dar de comer e beber»
(Cantiga de Janeiras de Longroiva)
aps (com Meda em Movimento)
in http://capeiaarraiana.wordpress.com
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Em memória
25 janeiro 2010 à(s) 23:08 Etiquetas: Gentes
António Maria Ramos - 19-07-1920/25-01-2009
No primeiro aniversário da sua morte, este blog lembra este filho da terra, nascido em Outeiro de Gatos a 19 de Julho de 1920.
António Maria Ramos, autor do Hino Nacional à Armada Portuguesa (ver pt.wikipédia)nasceu e viveu em Outeiro de Gatos, tendo sido presidente da Junta da Freguesia durante os anos 80.Da história da sua vida, constam ainda o serviço prestado à Marinha Portuguesa e à PSP e a residência em Vila Nova de Gaia, onde nasceram e residem os seus dois filhos mais novos. Pai de quatro filhos, avô de sete netos e visa-avô de três bisnetos, faleceu no dia 25 de Janeiro de 2009, com 88 anos.
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Por trás do nome das terras (I)
24 janeiro 2010 à(s) 14:06 Etiquetas: Toponímia
Todas as terras têm um nome e por trás de cada nome, uma história, algumas delas muito interessantes. A toponímia conta-nos a história da ancestral civilização europeia. Com fortes ligações à história, arqueologia e geografia, muitos topónimos são anteriores à romanização.
Na minha terra, no Norte, muitos nomes de terras estão associados à distante origem celta. Quanto aos topónimos de origem Árabe, acabaram por ficar circunscritos às terras dos Sul dado a reconquista cristã ter servido como barreira ao avanço muçulmano.
O património toponímico português é de uma riqueza enorme e belíssima!
Muitas lendas por trás de alguns nomes são oriundas de uma tradição milenar, que, atravessando o fio do tempo, chega até nós como testemunho de terras antigas, dos seus mitos fundadores e dos eventos que as definem enquanto local com identidade, conferindo aos seus habitantes um sentido de unidade e pertença.
Muitas terras do concelho da Meda têm histórias magníficas. Irei aqui contar algumas delas. A própria cidade de Meda apresenta uma lenda interessante:
“ Diz a lenda que a Meda, há séculos atrás, se chamava Vale da Aldeia e se situava a cerca de dois quilómetros a norte da actual vila.
A mudança surgiu quando um tufão de formigas gigantes rebentou em Vale de Aldeia, tornando-se um verdadeiro flagelo e chegando a atacar as crianças. Por esse motivo a primeira família mudou-se para junto do morro. Aí se construiu a primeira casa, com o nome de Quinta do Medo, assim chamada por ser um lugar ermo, livre de formigas mas sugeito certamente a muitos outros perigos.
As restantes famílias começaram também a abandonar as suas casas e refugiaram-se nas cavernas do morro. Aí construíram uma capela com o nome de Santa Bárbara, destruída há cerca de 85 anos por estar muito degradada, dando lugar à existente Torre do Relógio.
As casas foram sendo construídas à volta do morro, mudando-se o nome de Quinta do Medo para Mêda.”
In “Terras da Meda – Natureza, Cultura e Património” de Adriano Vasco Rodrigues
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Hino de Outeiro de Gatos
20 janeiro 2010 à(s) 21:11 Etiquetas: Hino da aldeia
Canta-se essencialmente durante as festas da terra mas não só... Quem conhece as noites de Verão em Outeiro de Gatos, especialmente em Agosto, sabe que o hino faz parte da alegria dos gatenses...
"Viva o nosso Outeiro de Gatos,
Gatos mansos e bons não arranham,
Salvo quando lhes causam maus tratos,
Ou então os provocam e assanham.
Nesta aldeia não reina a tristeza,
E a maldade também cá não vinga,
Quem chegar sempre vê pão na mesa,
E na adega têm sempre uma pinga!
Terra cheia de encanto e de graça
Geste humilde, mas de alma bem nobre
Não recusa pousada a quem passa
Nunca nega esmola a um pobre
Nesta aldeia não reina a tristeza,
a maldade também cá não vinga,
Quem chegar sempre vê pão na mesa,
e na adega têm sempre uma pinga!
Terra farta é franca e fagueira,
Que riqueza nos deu a natura,
Água fresca da Fonte da Nogueira,
Que nos mata o calor e a secura.
Nesta aldeia não reina a tristeza,
a maldade também cá não vinga,
Quem chegar sempre vê pão na mesa,
e na adega têm sempre uma pinga!
Quantas terras nos têm inveja,
Da frescura que anima e consola,
Nossos corpos banhados na Teja,
Ou nas termas famosas da Areola.
Nesta aldeia não reina a tristeza,
a maldade também cá não vinga,
Quem chegar sempre vê pão na mesa,
e na adega têm sempre uma pinga!
Com seus vales fecundos e risonhos
Com seus frutos, seus vinhos de fama
Ricão meigo d`encantos e sonhos
Nossa terra quem é que não ama
Nesta aldeia não reina a tristeza,
a maldade também cá não vinga,
Quem chegar sempre vê pão na mesa,
e na adega têm sempre uma pinga!"
Este hino é de autoria do Professor Alfredo Cabral, de quem oportunamente escreverei neste blog.
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Outeiro de Gatos - Notas históricas
19 janeiro 2010 à(s) 21:31 Etiquetas: História
A freguesia de Outeiro de Gatos integra o concelho da Meda e fica a três Kms. da sede do concelho.
É uma localidade de agradável aspecto, de campos verdejantes, cobertos de vinhas, olivais e amendoais.
É atravessada pela Estrada Municipal 601, que, partindo da Meda e passando por esta freguesia, se encaminha para o Aveloso, um pouco ao longo da Ribeira Teja, e depois se encaminha para a Prova, daí fazendo ligação com terras dos concelhos de Trancoso e Sernancelhe. O lugar da Ariola é uma anexa desta freguesia.
Outeiro de Gatos fazia parte do termo do antigo concelho de Casteição e a sua história, tal como a do lugar dos Chãos, está intimamente relacionada com a sede daquele concelho extinto pela Reforma Setembrista, em 6 de Novembro de 1836.
Em 1527, o censo régio da população registava 6 moradores na "quinta de Outeiro de Gatos".
D. Joaquim de Azevedo, na História Eclesiástica da Cidade e Bispado de Lamego, fidalgo capelão da Casa Real e abade de Cedovim, nos finais do Século XVIII e princípios do Século XIX, assim descreve Outeiro de Gatos: "... no termo de Casteição, dista de Lamego 10 léguas, de Lisboa 59; curato de Nossa Senhora da Graça, que renderá 60$00 réis, apresentado pelo Abade de Casteição; tem capelas de S. Sebastião, Nossa Senhora do Desterro, na quinta de Enxameia; Nossa Senhora do Amparo, na quinta do Desembargador Caetano Saraiva; há nesta freguesia um grande campo do concelho, chamado Tecedeira, que os lavradores por devoção fabricam para o culto divino, e do que produziu um ano se fizeram os dois pequenos, mas bons sinos da igreja; produz a terra muitos gados, castanhas e pão; tem 168 fogos, almas 401."
No final do Século XVII, Outeiro de Gatos estava integrado no concelho de Ranhados, juntamente com a Areola, e a sua população conjunta atingia então os números de 85 fogos e 340 almas, que se elevaram bastante à entrada de 1900, pois, nesse ano, registava o conjunto de Outeiro de Gatos e Areola 193 fogos e 705 almas. Em 1960 a localidade de Outeiro de Gatos contava 398 habitantes, e 318 habitantes 20 anos depois, tendo perdido 15% em duas décadas.
A cultura de cereais, a produção de seda e o pastoreio do gado fizeram prosperar as gentes desta freguesia entre os séculos XVI e XVIII. Em breve a cultura vinícola foi ocupando terras que dantes produziam cereal, aumentando o rendimento dos habitantes. Algumas habitações existentes na localidade mostram o crescimento económico que então se verificou; a Casa dos Pessanhas é um belo exemplar, mas outras casas aqui se encontram, de abastados lavradores.
É do final do Século XVIII a construção da Igreja Matriz, de notória traça barroca. Também nesse período teve vida florescente um convento, de que há ainda alguns vestígios.
O vinho de Outeiro de Gatos tem características peculiares, sendo conhecido como um vinho perfumado. José Augusto Abrunhosa Tavares, um dos ilustres filhos desta localidade, referiu tal característica na sua obra "Um jogo da barra às portas de Almeida", um trabalho notável por quanto nele se consigna de interesse histórico e etnográfico acerca desta região. Referência especial para um outro seu natural, cultor das letras, o Dr. Alfredo Cabral, que dirigiu o jornal "O Educador", foi dirigente superior do Ministério da Educação em Lisboa e publicou alguns livros de poesia, utilizando admiravelmente a redondilha popular.
De realçar ainda que o Hino à Armada Portuguesa foi escrito por um natural de Outeiro de Gatos de nome, António Maria Ramos.
Rodrigues, Adriano Vasco - "Terras da Meda - Natureza e Cultura" - 1983;
Saraiva, Jorge António Lima - "O Concelho de Meda - 1838-1999" - 1999.in http://pt.wikipedia.org/
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Bem-vindo a Outeiro de Gatos
à(s) 17:51 Etiquetas: Boas-vindas
Não sou de terras medenses. Sou uma minhota que escolheu, há já vinte anos, as terras de Vila Nova de Gaia para viver. No entanto, Outeiro de Gatos, faz parte da minha história de vida. Lembro-me bem da primeira vez que visitei esta terra. Foi no ano em que caiu o muro de Berlim. Lembro-me de estar no café da terra, de olhos postos na televisão e a comentar a notícia. Tenho memória também de uma sardinhada feita nas margens de um rio, organizada pela Dª Antónia, para me apresentar às gentes da terra. Afinal, seria a sua futura nora, uma minhota tal como ela. A partir desse ano, visitar Outeiro de Gatos, passou a fazer parte da rotina familiar. No Verão, chegavam as férias e ficava-se durante uma ou duas semanas por estas terras da Meda. Foi aqui que os meus filhos brincaram atrás dos gatos da avó, apanharam cerejas, viram coelhos e pintaínhos acabados de nascer.
Não sou de terras medenses mas uma parte do meu coração é. Não somos só da terra em que nascemos, ou de onde nasceram os nossos pais. Somos também das terras onde estabelecemos laços, onde criamos raízes, onde nos sentimos como que em casa. Este blog tem como objectivo principal promover as terras e as gentes, sua história e tradições. Mas espero que seja também um portal para juntar os filhos da terra que estão longe, que vivem em outros lugares do mundo. Que sirva também para matar saudades e para criar novos laços... para juntar um dia, quem sabe, todos aqueles que um dia tiveram que partir.
Se tem laços com esta terra, deixe a sua mensagem.
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