Gostava de pintar esta terra de paisagens encaixadas entre o granito e o xisto, de magníficos horizontes, vestidos de branco das amendoeiras em flôr e das diferentes tonalidades das vinhas.
Gostava de saber pintar. E quando me perco com o olhar por estes vales de todas as cores, vêem-me à memória as palavras de José Saramago na sua "Viagem a Portugal":
"Vai o viajante continuar para norte, pela estrada a nascente da ribeira de Teja, nome que espanta encontrar aqui, pois estas não são as terras que o Tejo banha e onde Teja deveria estar, como mulher de seu marido. Passa em Paipenela, e dando a volta por Meda e Longroiva, apanha a estrada que vem de Vila Nova de Foz Côa e torna para sul. O caminho agora é de planície, ou, com rigor maior, de planalto, os olhos podem alongar-se à vontade, e mais se alongarão lá em cima, de Marialva, a velha, que esta fundeira não tem motivos de luzimento que excedam os legítimos de qualquer terra habitada e de trabalho. O viajante não se confunde com o turista de leva-e-trás, mas nesta sua viagem não lhe cabe tempo para mais indagações que as da arte e da história, ciente de que, se souber encontrar as pontes e tornar claras as palavras, ficará entendido que é sempre de homens que fala, os que ontem levantaram, em novas, pedras que hoje são velhas, os que hoje repetem os gostos da construção e aprendem a construir gestos novos».
As cores da nossa terra
08 fevereiro 2010 à(s) 16:24
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